O ceratocone é uma doença que acomete a córnea, estrutura que funciona como uma das principais lentes do olho. A doença leva ao afinamento e encurvamento progressivo da córnea, tornando-a irregular de forma a perder a qualidade óptica necessária para permitir boa visão. 

É uma patologia muito prevalente na população e sua causa, apesar de não ser completamente elucidada, envolve fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida e normalmente se manifesta na adolescência. Aproximadamente 75% dos casos será diagnosticado antes dos 25 anos. A progressão diminui seu ritmo a partir da 3ª década de vida e a severidade da progressão é parcialmente relacionada ao quão cedo na vida a doença se instala, ou seja quanto mais jovem a manifestação na córnea, maior a chance de piora do quadro.

Dentre os fatores ambientais envolvidos no desenvolvimento da doença, alergia ocular e  o hábito de coçar ou esfregar os olhos são os mais relacionados. Assim, uma das primeiras providências ao diagnostico é o tratamento e controle adequado da alergia ocular.

O principal sintoma do ceratocone é a diminuição progressiva da visão, tornando-a borrada e distorcida. As mudanças muito frequentes no grau dos óculos ou uma maior dificuldade em definir o grau correto durante o exame podem ser um sinal de que algo está errado e deve ser investigado com auxilio de exames complementares para confirmar o diagnóstico de ceratocone.

Uma vez identificado, é essencial que o paciente seja avaliado por especialista para determinar o estágio da doença e quais as opções terapêuticas disponíveis para seu caso.

Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de preservar a visão. O acompanhamento periódico é de extrema importância para que possamos detectar a progressão da doença antes de um comprometimento visual mais relevante pois atualmente é possível através do procedimento cirúrgico de crosslinking corneano, promover a estabilização do quadro. O crosslinking promove o enrijecimento  da córnea e com isso diminui a chance de progressão da doença. Está indicado sempre que detectado piora do quadro e o paciente tem visão satisfatória com óculos ou lentes de contato e pode ser realizado em associação com o implante de anéis intra-corneanos. 

Quando a correção visual com óculos não é suficiente é possível recorrer às lentes de contato rígidas. Tais lentes conseguem promover uma melhora significativa na qualidade da visão mas a adaptação nem sempre é possível. Ainda que tenhamos inúmeras opções de lentes de contato desenvolvidas especialmente para ceratocone, pode haver intolerância ao seu uso ou até mesmo não ser possível alcançar a melhora visual esperada.

O implante de anéis intra-corneanos, muito conhecidos pelo nome anel de Ferrara, permite remodelar a córnea num procedimento minimamente invasivo e assim, reduzir a irregularidade provocada pelo ceratocone e devolver grande parte da qualidade óptica da córnea e dessa forma melhorar a acuidade visual e a adaptação às lentes corretivas.

Os quadros muito avançados de ceratocone provavelmente precisarão de intervenção mais invasiva, com alguma das modalidades de transplante de córnea. O remodelamento da córnea promovido pelo transplante, seja lamelar ou penetrante, vai permitir a posterior reabilitação visual.

Resumindo, atualmente temos muitas opções para o tratamento do ceratocone em todos os seus estágios, impedindo progressão, remodelando a córnea e reabilitando a visão. Se você tem suspeita de que este possa ser o seu caso ou já tem o diagnóstico, procure um especialista para ter acesso ao tratamento mais adequado.  

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